O milho hidropônico ajuda agricultores e agricultoras no enfrentamento à estiagem

Dona Francisca Ferreira Neves, agricultora da comunidade Tapera, em Arneiroz, é beneficiada pelo Projeto Paulo Freire, desenvolvendo a atividade da avicultura. No dia 23 de setembro, participou da oficina para a produção de milho hidropônico, uma tecnologia de convivência com o Semiárido que permite produzir forragem em pequenos espaços e com pouca quantidade de água.

A forragem hidropônica se diferencia por ser um produto barato e oferece alternativa para pequenos agricultores e agricultoras por ser fácil de ser produzido, pois em duas ou três semanas, 20 kg a 30 kg de forragem estão prontos para o consumo de animais de qualquer espécie.

“Considerando o alongamento do período de estiagem, o milho hidropônico é uma alternativa de suplementação volumosa, de baixo custo e fácil obtenção para a agricultura familiar”, comenta Erivaldo Lô, agente Cáritas que capacitou as famílias acompanhadas sobre o uso desta tecnologia.

Dona Francisca em poucos meses já está produzindo o segundo canteiro de milho hidropônico e relata que “a decisão de adotar o milho hidropônico foi válida para enfrentar a estiagem, pois o resultado é rápido e de muita qualidade, com alto valor energético e proteico para alimentação animal, e que nos ajuda a garantir a alimentação deles gastando bem pouca água”, conclui.

Por Angelica Tomassini, comunicadora popular da Cáritas Diocesana de Crateús

PROJETO PAULO FREIRE ENTREGA MATERIAL PARA EQUIPAR A SEDE DA ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA DE MUTUCA, EM TAUÁ.

Antonia Antenoura Vieira Coutinho, presidente da associação

Na semana passada, por meio do Projeto Paulo Freire, a Associação Comunitária dos Produtores Rurais de Mutuca, em Tauá, recebeu materiais para equipar a sede da entidade. No total foram entregues um birô com cadeira estufada, um gelágua, um datashow, um notebook com impressora colorida, 50 cadeiras, 4 máquinas forrageiras, 4 balanças, uma máquina ensiladeira e duas chocadeiras.

“Todo esse equipamento vai auxiliar nosso trabalho diário, e nos dar a oportunidade de reunirmos em um lugar mais confortável para todos e todas”, explica Antonia Antenora Vieira Coutinho, Presidenta da associação, que fez questão de agradecer a Cáritas de Crateús e o técnico de campo que acompanha a comunidade. “Em nome dos meus companheiros e companheiras, quero agradecer à Cáritas, que sempre nos acompanhou com dedicação e quero compartilhar nossa gratidão com o técnico, Maycon Bezerra, que não mediu esforços para que cada ações e unidades produtivas tivessem todos os objetivos alcançados.”

OUTRAS CONQUISTAS

Ao longo do projeto, as 17 famílias da comunidade Mutuca foram beneficiadas com um Plano de Investimento de R$ 259.976,80, ganhando 27 apriscos e 13 aviários. Além disso, nove pessoas receberam capacitação técnica e colmeias para a prática de apicultura, garantindo assim uma produção sustentável na comunidade e gerando oportunidade de trabalho e o aumento da renda para os núcleos familiares que participam das atividades do projeto.

O Projeto Paulo Freire é uma realização da Cáritas Diocesana de Crateús e é financiado pelo Governo do Estado do Ceará e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Por Angélica Tomassini, comunicadora da Cáritas Diocesana de Crateús.

Projeto Paulo Freire realiza oficina sobre Juventude e Saúde

Ontem, dia 19, foi realizada a primeira oficina sobre “Juventudes do Semiárido e Saúde”, uma ação do Projeto Paulo Freire em parceria com a Escola de Saúde Pública do Estado do Ceará. O objetivo do encontro foi dialogar com as juventudes rurais sobre a Covid-19 no campo, em defesa do SUS e da vacina gratuita para todas e todos.

Participaram cerca de 28 jovens, incluindo Ueslei Gonçalves da Silva, da comunidade de Barra dos Gonçalves, em Quiterianópolis, líder do grupo de jovens “Geração Consciente”, e Gabriel Ruan Pereira do Monte, da comunidade de Lagoa do Anjo, Parambu, membro do grupo “Jovens Anunciadores de Cristo”, ambos acompanhados pela Cáritas Diocesana de Crateús. Também teve a participação de técnicos e técnicas e da equipe do componente de capacidades do Projeto Paulo Freire; A Cáritas de Crateús foi representada por Daniela da Silva Cavalcante, agente Cáritas e assessora social. 

O primeiro momento, trouxe a escuta dos jovens quanto às suas vivências, anseios, perdas e aprendizagens durante esse período nas comunidades rurais. “Conversar com jovens que moram no território, foi enriquecedor, pois na maioria das vezes, através de jornais e televisão, conhecemos as situações das cidades, porém não sabemos o que está acontecendo no nosso Semiárido.”, relata Ueslei Gonçalves da Silva. Segundo ele, a pandemia está sendo um desafio para todos e todas, mas também está sendo um incentivo para cuidar mais da nossa saúde e para refletir sobre a importância da solidariedade nesse momento onde a crise financeira das famílias e os casos de depressão e ansiedade estão crescendo rapidamente. 

No segundo momento, se dialogou sobre o papel do SUS e como a juventude se relaciona com o Sistema Único de Saúde, como ele está presente nas comunidades e a sua importância na pandemia, especialmente para as famílias rurais. Segundo Ueslei foi um momento de pura aprendizagem e reflexão: “quando a oficina acabou, me deparei para pensar na importância do SUS para nossa sociedade e para todas as pessoas que não tem condições de ser atendido nos hospitais públicos ”.

Esse debate subsidiará a segunda oficina, agendada para o dia 02 de junho, com o objetivo da criação da campanha deste ano, dando continuidade às ações preventivas à Covid-19, a defesa do SUS e da vacina. A ação faz parte do Plano de Ação e Sustentabilidade de Juventudes no PPF 2021. O Projeto Paulo Freire é uma realização da Cáritas Diocesana de Crateús, com o financiamento do Governo do Estado do Ceará e do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA).

Texto: Rones Maciel – ASCOM / SDA.

A agente Cáritas Gina Sena relata como tem sido acompanhar as mulheres da caderneta agroecológica

Maria Moreira Martins, carinhosamente Dona Cruizinha; Agricultura da comunidade Riacho, Quiterianópolis

Mães, avós, esposas, domésticas, agricultoras. Esses são apenas alguns dos tantos papéis que as mulheres Experimentadoras da Caderneta Agroecológica exercem. Papéis esses que foram evidenciados através da construção dos questionários, dos mapas de sociobiodiversidade, e com o uso das Cadernetas. Tem sido um desafio delicioso acompanhar essas mulheres nesse caminho de autodescoberta delas, nesse processo de autovalorização.

A experiência de acompanhamento e cada formação que tivemos a oportunidade de participar, de experimentar ao lado dessas mulheres incríveis, nos ajudou a reconhecer os desafios que elas passam, seja por questões de gênero ou de raça. Falar sobre temas tão delicados como a violência doméstica e a divisão justa do trabalho, principalmente no campo, onde o patriarcado estrutural predomina de forma tão forte, ainda é um tabu.

A caderneta é uma ferramenta simples que nos auxilia de forma prática nessa difícil tarefa de mostrar às agricultoras o quanto elas já fazem e o seu potencial, que são capazes de ter independência financeira, além de fazê-las reconhecer a dimensão do trabalho doméstico e no quintal produtivo, não só no quesito econômico, mas na diversificação e segurança alimentar que ela é responsável.

Para além dos números de consumo, venda, troca e doação, as transformações proporcionadas com o projeto são difíceis de mensurar. A mudança de perspectiva a respeito do papel da mulher é lenta, construída à medida que as ações do projeto reverberam dentro da comunidade onde essas mulheres estão inseridas e através do olhar das técnicas/técnicos que nesse processo disseminamos direta e indiretamente o conhecimento adquirido.

Uma das coisas mais gratificantes em fazer parte da família Cáritas é, assim como Paulo Freire nos orientava, poder reconhecer que cada pessoa carrega consigo aprendizagens, que nenhuma de nós é imutável, que não somos seres acabadas e acabados. E que nesse processo de ensino-aprendizagem todas as pessoas envolvidas aprendem. Foi uma honra poder contribuir com elas, e foi maravilhoso aprender tantas coisas nesse caminho.

Texto: Gina Sena, agente Cáritas e técnica de campo do Projeto Paulo Freire

Revisão: Eraldo Paulino, assesor de comunicação da Cáritas Diocesana de Crateús